O melhor filme do ano passado não foi "Juno" ou "Onde Os Fracos Não Tem Vez". O filme de 2007 foi "Lars and The Real Girl"!
Primeiro longa-metragem do diretor de comerciais Craig Gillespie e com roteiro também de uma estreante na telona, a roteirista da séria "A Sete Palmos", Nancy Oliver, eis uma excelente demonstração de como fazer um bom filme com baixo-orçamento. Mais que isso, o longa representa um modelo que deveria ser seguido pelo cinema brasileiro, na minha opinião.
O filme conta a história de Lars(Gosling), um rapaz sociofóbico, que apresenta para a cidadezinha onde mora a sua nova namorada, Bianca. Todos são pegos de surpresa pelo inesperado romance do tímido Lars, mas o espanto maior se deve ao fato de Bianca ser, na verdade, uma boneca inflável!
Mas antes de achar que o longa é cadenciado pelo riso frouxo, saiba que o filme em si é muito sério e o humor só é utilizado aqui como forma a aliviar o peso do tema da história. Há momentos comoventes. De tirar lágrimas da platéia(minha esposa que o diga!).
Esse contraponto de sentimentos em "Lars and The Real Girl" se deve principalmente ao competente roteiro, que consegue passar emotividade sem cair no dramalhão, e, claro, a formidável atuação do elenco.
O tratamento gentil, quase irreal, prestado a boneca inflável pelos moradores, na verdade é uma tentativa de ajudar Lars(que diz sentir "dor" ao ser abraçado) a conseguir superar suas fobias, mas ao mesmo tempo parece suprir uma lacuna, uma carência de conexão, de ligação de cada um dos personagens uns com os outros. Por isso, Bianca, aos poucos vai se tornando cada vez mais "real" para a pequena comunidade.
Em um papel que muitos atores matariam para fazer, Ryan Gosling(grave esse nome) consegue ter uma ligação química com o personagem, transformando Lars em um ser-humano de carne e osso, como poucas vezes se viu no cinema. Gosling confessou ter se inspirado em Peter Sellers para compor o personagem. E realmente existem semelhanças entre Lars e o protagonista de "Muito Além do Jardim": a natureza doce, a timidez exagerada e a falta de identidade com o resto do mundo, são alguns exemplos.
No final, você se vê diante de algo bem maior do que um bom filme que toca em temas raros hoje em dia(a gentileza e a compreensão humana): "Lars and The Real Girl" é uma lição de vida!
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